quarta-feira, 6 de setembro de 2017

palavras

não perdi o medo das palavras
ainda sussurro desejos que mal eu 
posso escutar
digo baixinho o nome de outro
grito anúncios difíceis, verbetes engasgados,
enganos
falo alto e peço desculpas, falo tudo que não deveria
e às vezes, nada
vou embora para casa com as palavras na tampa da
garganta
decoro discursos que nunca farei ouvir
(me autoconsolo criando diálogos),
sou o último a dizer qualquer coisa e o digo todo
pela metade
com medo, com um medo feroz 
que aquele que me ouça, me veja por dentro
ou que caia no meu engano e pense que sou mesmo
as mentiras
que contei


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