acordo no meio da noite
sem ter dormindo o bastante
e espero que um novo sono venha
como um cavaleiro em uma carruagem
sem ter dormindo o bastante
e espero que um novo sono venha
como um cavaleiro em uma carruagem
no meio da estrada num mato
onde eu estive? andando a noite toda
o vestido já cheio de terra, uma barra tão longa
que não se vê o fim
e pesa
onde eu estive? andando a noite toda
o vestido já cheio de terra, uma barra tão longa
que não se vê o fim
e pesa
se arrasta por todas as coisas
perdidas nos tempos no espaço
as agulhas finíssimas de uma estória infantil
os cacos de vidro arraigados
perdidas nos tempos no espaço
as agulhas finíssimas de uma estória infantil
os cacos de vidro arraigados
a borda sem nenhuma borda
só o abismo no vestido opera
máquina de moer imagens
só o abismo no vestido opera
máquina de moer imagens
o inverno enegrece tudo
e a neve
é só movimento
o céu caindo as pedaços, ínfimas partes
de um céu negro
da boca da negrura
e o ar que sai da boca é só movimento
tudo se move no sonho
e cai e se espalha e se arrasta
e a neve
é só movimento
o céu caindo as pedaços, ínfimas partes
de um céu negro
da boca da negrura
e o ar que sai da boca é só movimento
tudo se move no sonho
e cai e se espalha e se arrasta
*
o corpo já vive sem pernas
as mangas não trazem os braços
o ar frio que parece gelar o sangue
é o único indício que ainda há um corpo
as mangas não trazem os braços
o ar frio que parece gelar o sangue
é o único indício que ainda há um corpo
mas fecha os olhos
e tudo se transforma em uma única saia
que contorna todo o mundo
ou essa ilha onde estamos
uma obra de arte de christo
um segredo revelado
vem a neve cobre tudo
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