quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

véu contra a carne

carrego no bolso a pedra
sempre pensando em atirar
os olhos vigiam atentos
o corpo quente como numa dança
treme, vibra, balança
o dente sangra, a boca rosna

aperto na mão a pedra
a superfície áspera que encontra 
a pele espessa
a superfície angulosa e desigual
os limites abertos, os contornos
vedados, os olhos cerrados
contraí e dispara
repele e aproxima

chapisco muro que arranha a carne
cavouco a parede pra ter a pedra
a pedra, essa que carrego rente ao seio
que cuspo mastigo e venero 




Nenhum comentário:

Postar um comentário