domingo, 3 de outubro de 2021

teu signo I

os sinais ofuscados
tateio o escuro
teus olhos oblíquos
desvio

nenhuma luz atravessa
a carne espessa,

sinto o triplo plano da sua
geometria
como uma moeda de três faces
"eu sou aquele sou"
e eu sou só a espectadora do seu
show

o eixo perdido sem saber onde aponta
revela uma elipse obscura
uma distância constante
de dimensões irreais

nos dois pontos desta reta
a curva dos teus ombros é pra mim
uma parábola
cuja equação não sei solucionar

mas é a carne que me conta
a matéria escura que é matéria
numa dança síncrona em que a lua
nunca mostrará a outra face
como uma porta que abre para uma única
direção

então meto os dentes,
os dedos se encaixam
nas crateras
qual faca, qual foice
qual compasso que fere
e também é instrumento
pra medida




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