sexta-feira, 9 de março de 2018

tempi

os móveis cheios de manchas de café
poltronas antigas que acumulam poeira
tudo fenece
e o tempo é mais o menos
'o ponto de vista dos relógios'
tudo putrefa
e torna-se extinto
*
o poeta, com o copo d'água na beirada
à espera,
quer ser agente de cronos,
acha que o mundo pode ser medido
em partes iguais: ontem, hoje e depois
*
são fragmentos,
de fragmentos de textos
espaços de
espaços de memória
tempo de tempo, mundo de mundo
realidade de realidade
*
o contínuo
habitando as cascas das conchas
nos rasgos na pele,
nas curvas do céu
de quem ele é? para quem ele fala?
*
é um interlocutor
sem endereço


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