terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

erra rumo*

antigamente estávamos sós
a terra era só poeira e plantas venenosas
os lagartos vigiavam o inverno
às portas das ruínas, dos telhados em destroços
o ar preenchia os pulmões, somente pela metade
antigamente, os ossos curvavam para dentro
encolhíamos, nós, a sós
na soleira da porta estavam as nossas miserias
éramos poucos e cada vez menos
costumava de ir sumindo o semblante
sendo apagado, quando do vento: cortina de fumaça
e emergiam urubus, lacraias, traças
o sertanejo e sua própria sorte
o tatu que é feito de terra
o deserto que preenche noite e dia
a castigadura de ser sujeito de sol


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